quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A IGREJA DE ROMA

I – CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
A Cidade de Roma – Pequeno Resumo Histórico
A Roma de hoje.
Roma, Capital da Itália. No passado foi a Capital do poderoso Império
Romano. Sua população, com base no censo de 2001, era de 2.546.804
habitantes, sendo que em toda sua Região Metropolitana são cerca de
3.330.000.
Famosa, mundialmente, como A Cidade Eterna, espalha-se às margens
do Rio Tibre. Conhecida, no passado, como A Cidade das Sete Colinas, estas
colinas constituem hoje, seu centro histórico, sendo elas – Palatino, Avelino,
Campidoglio, Quirinate, Viminale, e Célio.
Uma Cidade com um Estado dentro de si
No interior da Cidade de Roma encontra-se o Estado do Vaticano, sede
Mundial da Igreja Católica Romana e residência oficial do Papa. O Papa é,
portanto, o Chefe da Igreja Católica, e, ao mesmo tempo, o Chefe do Estado
do Vaticano.
Isto aconteceu a partir de 11 de Fevereiro de 1929, quando Benito
Mussolini estabeleceu, em uma série de acordo com o Papado, o Estado
Independente do Vaticano, cedendo uma área de 0,44Km² dentro da
Cidade de Roma.
A Roma do Passado – Sua Fundação
Sua origem Lendária, ou mitológica
Os Romanos explicavam a origem de Roma, através do mito de Rômulo
e Remo, conforme aprendíamos, nas Escolas, em História Geral. Rômulo e
Remo seriam filhos do deus Marte com Réia Silvia, internada, por seu Tio
Amúlio, num Colégio de Vestais.
Colégio de Vestais era onde eram enclausuradas as moças virgens
consagradas à deusa Vesta. Segundo a lenda um dia o deus Marte passou
por lá, e engravidou Réia Silvia que deu à luz os Gêmeos Rômulo e Remo.
Os recém-nascidos foram abandonados num cesto que foi colocado no Rio
Tibre, a mando do Rei Amúlio. Próximo do Monte Palatino o cesto que fora
levado pela correnteza, parou. Rômulo e Remo foram salvos e amamentados
por uma loba, a qual garantiu-lhes a sobrevivência. Depois foram
encontrados e adotados por um casal de pastores, Fáustulo e Larência, por
quem foram criados.
Quando Adulto, Remo envolveu-se num conflito com alguns pastores e foi
conduzido à presença do Rei Amúlio. Rômulo dirigiu-se ao Palácio, matou o
Rei Amúlio que era o seu tio, e libertou Remo. Devolveram o Trono ao avô e
ganharam dele o direito de fundar uma cidade no lugar onde foram
encontrados pela loba.
Assim, por volta do ano 753 aC., a Cidade de Roma teria sido fundada
por Rômulo e Remo. Ainda, segundo a lenda, houve conflito entre os dois
irmãos para decidir quem seria O Rei. Nesse conflito Rômulo matou Remo e
se tornou o Primeiro Rei de Roma. É claro que é, apenas, uma lenda.
Origem mais provável de Roma
Alguns autores acreditam que Roma foi fundada pelos Etruscos.
Afirmam que por volta do Século VIII aC. havia numerosas aldeias de
agricultores e pastores nos altos das Colinas existentes as margens do Rio
Tibre. Estas Aldeias teriam se unido com fins defensivos e religiosos,
formando uma Liga denominada “Septimontium”, em referencia aos Sete
Montes sobre os quais Roma foi fundada. Isto, provavelmente, em 753aC.
Esta união fortaleceu as aldeias, e prejudicou a navegação pelo Rio Tibre
entre as cidades etruscas de Veios e Fidenes. Por este motivo os Etruscos
ocuparam a Liga de Aldeias, a qual chamaram de “Rumon”, de onde se
originou Roma, que significa a Cidade do Rio.
A Monarquia em Roma
O primeiro Regime Político de Roma foi a Monarquia. A cidade, portanto,
era governada por Reis. Isto ocorreu entre 753 e 509 aC. Segundo a
tradição Roma teve sete Reis, sendo que os três últimos foram etruscos –
Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio, o Soberbo.
Em 509 aC. os Patrícios, que eram os nobres, proprietários de terras,
apoiados pelos Plebeus, que eram os comerciantes, artesãos e pequenos
proprietários de terra, expulsaram os Etruscos e proclamaram a República,
em Roma.


A Republica em Roma – entre 509 e 27 aC.
Durante o período Republicano, O Senado Romano ganhou grande
poder político. No ano 27 aC. o Senado conferiu, por Lei, ao Imperador de
Roma o Título de Augusto, fazendo dele um deus, com a obrigatoriedade
de ser adorado pelo Povo.
É claro que não vamos discorrer sobre a expansão e decadência do
Império Romano. Estamos focalizando, apenas, alguns aspectos da Cidade
de Roma, pois, é parte de nossa Lição de Hoje.
A Religião, em Roma, nos “tempos bíblicos”
Os Romanos eram Politeístas, ou seja, acreditavam em muitos deuses.
A grande parte de seus deuses veio por influencia dos gregos, e tantos
www.escoladominical.com.br
dicas de lições bíblicas
outros foram trazidos de regiões conquistadas, e incorporadas no Culto de
Roma. Conforme afirmamos, em 27 aC. o Senado conferiu ao Imperador o
Título de Augusto, elevando-o, portanto, à condição de deus. Era mais um
deus para Roma.
Os deuses gregos foram adotados por Roma, porém, com nomes
romanos. Assim é que, na mitologia grega o deus do céu e soberano de
todos os deuses do Olimpo, era Zeus. Entre os Romanos, com as mesmas
funções, o deus era Jupter. A deusa do amor e da beleza Afrodite, na
mitologia grega, era cultuada em Roma com o nome de Vênus. Eros, da
mitologia grega, era o Cupido, dos romanos; Ártemis dos gregos, era
Diana dos romanos; Dionísio dos gregos, era Baco dos romanos; Cronos
dos gregos, era Saturno dos romanos; Hermes dos gregos, era Mercúrio
dos romanos; Ascrépio dos gregos, era Esculápio dos romanos; Posseidon
dos gregos , era Netuno dos romanos; e assim sucessivamente.
Além dos deuses principais, os Romanos cultuavam também os penates,
ou deuses domésticos, dos lares. Estes deuses eram cultuados dentro das
casas e tinham como função proteger a família.
A Religião Oficial – um agente para manter a unidade do Império
Por esforço pessoal do Imperador foi estabelecida A Religião do Estado.
O Culto Politeísta era respeitado em relação a todos os povos conquistados,
com uma condição – a necessidade de prestar Culto de acordo com a Religião
Oficial.
Politicamente, e, sempre que se mistura Política com Religião, é ruim
para o Povo, o objetivo da Religião oficial era manter a Unidade do
Império. Neste sentido, e com este objetivo, impôs-se a obrigatoriedade de
“adoração’ as imagens e estátuas do Imperador, que, também, como
vimos fora elevado pelo Senado à condição de deus. Assim, desde que se
prestasse Culto ao Imperador, cada um podia ter a religião que quisesse. O
Império Romano respeitava o direito de Culto.



Foi aí que os Cristãos foram prejudicados
Todos os Povos conquistados, e todos os homens, não tinham qualquer
dificuldades em adorar o Imperador, em obediência à Religião Oficial, e
depois praticar suas religiões, adorando seus ídolos.
Porém, com os cristãos era diferente! Eles se recusavam prestar
Culto ao Imperador. Afirmavam que havia um só Senhor e um só Rei, e
que o seu nome era Jesus. Daí, o Cristianismo não foi reconhecido como
sendo uma Religião, mas como sendo um movimento subversivo, ou
rebelde.
Nesta condição eram proibidos de praticar o seu Culto, e eram
perseguidos, presos, espancados, mortos! Isto prosseguiu por mais de
250 anos, ou seja, desde o Imperador Nero, até Constantino. Nesse período
a Igreja Cristã não pôde construir um só Templo. Congregava nas casas e na
clandestinidade.
Roma era um celeiro de idolatria
Os fazendeiros, ou os homens que trabalhavam na terra, adoravam “os
deuses da terra”, da colheita, da floresta. Eram, em geral, Panteístas.
Os Militares, por influencia grega, adoravam os deuses da “força”, do
“poder”, como Júpiter, o deus dos deuses; Netuno, o deus do mar; Plutão, deus das regiões da morte e do inferno. A deusa Mitras, a mais popular das
religiões orientais, tornou-se padroeira do Exercito Romano.
Exerceu, ainda, grande influencia sobre Roma o orfismo, antigo
movimento grego de Religião mística que ensinava doutrina de salvação e
vida após a morte; da Frigia, veio o culto à mãe dos deuses e o culto de
Attis; do Egito veio o culto de Íris, Serápis e Osíris.
Roma era, pois, um centro nevrálgico; uma cidade com cerca de um
milhão e meio de habitantes, na sua grande maioria, adoradores de
demônios. Todavia, em meio a uma idolatria desenfreada, onde Satanás e
suas hostes infernais dominava desde o Imperador até os escravos, neste
ambiente envolto em densas trevas – foi fundada uma Igreja Cristã.
Paulo escrevendo para essa Igreja, chamou seus membros de santos e
agradeceu a Deus pela fé dos mesmos – “A todos os que estais em
Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Primeiramente, dou graças ao
meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o
mundo é anunciada a vossa fé”- Romanos 1:7-8. Eles eram crentes
fiéis, eram santos e tinham uma fé viva, mesmo estando em Roma! Você
pode dar glórias a Deus por isto?!.





II – A IGREJA DE ROMA
“E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem aventurado és tu, Simão
Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu
Pai, que está nos céus. Pois, também eu te digo que tu és Pedro e
sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela”- Mateus 16:17-18.
A Igreja de Roma a qual estamos nos referindo é claro que não é aquela
conhecida como Igreja Católica Romana, mas, é aquela que o Senhor Jesus
chamou de “a minha Igreja”. É aquela sobre a qual o Senhor Jesus quando
estando falando com o Apostolo Pedro, não disse que tu és Pedro e sobre
essa
pedra, mas, talvez, colocando a mão no seu próprio peito, disse: “sobre
esta pedra” “edificarei a minha Igreja”.
Quando o Senhor Jesus disse “Esta pedra”, certamente que estava se
referindo a si mesmo, e não a Pedro. O Apostolo Pedro entendeu bem isto
e jamais pensou ser ele aquela pedra referida por Jesus, pois, ele próprio
escreveu afirmando ser Jesus a pedra, quando disse – “E, chegando-vos
para ele, a pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas
para com Deus eleita e preciosa...pelo que também na Escritura se
contém: eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os
que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os
edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina”- I
Pedro 2:4-7.
Quisemos reproduzir estas palavras escritas pelo Apostolo Pedro para
deixar claro que ele, Pedro, jamais pensou ser aquela pedra referida por
Jesus, quando afirmou que – “sobre esta pedra edificarei a minha
Igreja”. Pedro tinha uma consciência bem nítida que “A pedra que os
edificadores reprovaram” era o próprio Jesus e que a Sua Igreja está
edificada sobre ele próprio, e não em homem algum. Foi exatamente por
isto que o Senhor Jesus complementou, dizendo que – “as portas”, ou os
poderes do inferno “não prevalecerão contra ela”.
Estas palavras estão escritas na Bíblia que usamos, cuja tradução para a
língua Portuguesa, foi feita por João Ferreira de Almeida, que, em 1670,
concluiu a tradução do Novo Testamento. As mesmas palavras estão,
também, na tradução da primeira edição Católica da Bíblia, feita pelo
Padre Antonio Pereira de Figueiredo, e publicada em 1781.
Estas mesmas palavras escritas por Pedro, estão na Tradução conhecida
como Vulgata Latina, tradução esta feita para o latim, por Jerônimo,
considerado o homem mais sábio do seu tempo em assuntos bíblicos. Esta
tradução foi feita entre 387 e 405 dC., tendo sido o primeiro livro ser
impresso após a invenção do prelo, publicada em 1452 2m Mainz, Alemanha.
Esta tradução foi a Bíblia da Igreja Ocidental durante a Idade Média. Foi
decretada como sendo a Bíblia Oficial da Igreja Católica Romana, no
Concilio de Trenta, 4ª Sessão, em 08 de Abril de 1546.
Decreto que somente passou a ser cumprido em 1592 com a publicação
de nova edição Vulgata pelo Papa Clemente VIII. Assim está na História, e,
por certo, nenhum Sacerdote Romano poderá alegar desconhecer que o
Apostolo Pedro afirmou ser Jesus, e não ele, a Pedra sobre a qual
aquela que Jesus chamou de “minha Igreja”, foi edificada. Esta é,
pois, A Igreja de Roma sobre a qual estamos nos referindo.
1 – O Fundador da Igreja de Roma
Quando falamos sobre a Igreja de Roma, estamos falando, é claro, de
uma Igreja Local, assim como falamos da igreja de Éfeso, de Corinto, ou de
qualquer outra cidade. Pode parecer desnecessário falar-se em detalhes
insignificantes, como este, quando estamos escrevendo para Professores.
Acontece que aqui em Santo André nós sabemos para quem estamos
escrevendo, e muita coisa é, realmente, desnecessário. Mas quando esta
Apostila é colocada na Internet não podemos imaginar nas mãos de quem ela
poderá chegar. Esta a razão que procuramos, muitas vezes, ser detalhistas
com coisas que parecem tão simples de ser entendidas.
Sabemos que a Igreja, a qual o Senhor Jesus chamou de “a Minha
Igreja”, não foi fundada em Roma, nem em nenhuma outra cidade, senão
em Jerusalém, quando de sua Morte Expiatória na Cruz do Calvário. Assim,
todas as Igrejas Locais que, no conjunto formam a Igreja Universal têm,
como único Fundador, o próprio Jesus.
Em sendo desta maneira, e desta maneira é, então o fundador da
Igreja de Roma foi Jesus. Não confundir a Igreja de Roma, ou, a Igreja
que no tempo de Paulo estava em Roma, com aquela Igreja chamada
Católica Romana, que, segundo afirmam, teria sido fundada por Pedro, o
qual teria sido, também, o seu Primeiro Papa. Ambas as afirmações,
biblicamente não são verdadeiras.
2 – Não há qualquer prova de que Pedro esteve em Roma
Com toda certeza, na Bíblia, em qualquer uma das Traduções, ou mesmo
no original grego, do Novo Testamento, não existe qualquer indicio de que o Apostolo Pedro tenha estado em Roma. O que há são ilações, ou
imaginação engendrada por homens. Afirmam, por exemplo, que Pedro após
ser liberto, milagrosamente por um Anjo, da Prisão onde o Rei Herodes o
mandara encerrar, conforme está registrado em Atos, Capítulo 12, teria
fugido, então, para Roma. Porém, o que está escrito é que tendo sido
liberto, pelo Anjo – “...foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por
sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam... E,
acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes
como o Senhor o tirara da prisão, e disse: anunciai isto a Tiago e aos
irmãos. E, saindo partiu para outro lugar”- Atos 12:12,17.
Outros afirmam que de acordo com a tradição Pedro foi Bispo da Igreja
de Roma, mas, essa Tradição não está fundamentada em nada. A Bíblia nada
diz, a História, muito menos! Nenhum historiador iria se preocupar em
escrever sobre Pedro. Do ponto de vista humano Pedro era, apenas um expescador,
e, reconhecido como sendo um homem “sem letras e indouto” –
Atos 4:13.
Os lideres da Igreja Católica Romana, embora, e eles sabem disto, sem
qualquer prova palpável sempre tiveram a necessidade de procurar provar
que Pedro esteve em Roma, que a Igreja foi fundada sobre ele e que ele foi o
Primeiro Papa, apesar de que seja o único dos Doze Apóstolos que a Bíblia
afirma que era casado, pois, o Senhor Jesus curou a sua sogra – “E logo,
saindo da sinagoga, foram a casa de Simão e de André com Tiago e
João. E a sogra de Simão estava deitada com febre; e logo lhe
falaram dela. Então, chegando-se a ela, tomou-a pela mão e
levantou-a; e a febre a deixou, e servia-os”- Marcos 1:29-31. Simão,
aqui, é o mesmo Pedro. Seu nome era Simão, o Senhor Jesus o chamou de
Pedro – “E André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram
aquilo de João e haviam seguido. Este achou primeiro a seu irmão
Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido é Cristo). E
levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho
de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro)- João 1:40-42. Portanto, pela Bíblia, fica muito claro que o Apóstolo Pedro tinha uma sogra.
3 – Pedro nunca foi Papa
Pedro foi um dos Doze Apóstolos – era assim que ele se identificou
nas duas Epistolas que escreveu – “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo...”- I Pedro 1:1. “Simão Pedro, servo e apostolo de Jesus Cristo...”- II
Pedro 1:1. Na Igreja de Jerusalém ele não era o chefe, ou o Superior dos
demais Apóstolos, pois, foi enviado à Samaria – “Os apóstolos, pois, que
estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de
Deus, enviaram para lá Pedro e João”- Atos 8:14. Quer nos parecer que o menor não pode enviar o maior. Pedro foi enviado!
Em Antioquia foi repreendido por Paulo, conforme declaração feita pelo
próprio Paulo – E chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara,
porque era repreensível”- Gálatas 2:11.
Aqui, quando ocorreu este fato em Antioquia, a Igreja já tinha mais de
quinze anos de existência. No entanto não há qualquer vestígio da
supremacia de Pedro sobre os demais Apóstolos, nem mesmo sobre Tiago
que era o Pastor de Jerusalém e a quem Pedro demonstrou respeitar,
chegando a mudar o seu comportamento em relação aos gentios face a
chegada, em Antioquia, de uma comissão enviada, de Jerusalém, por Tiago,aquele que a Bíblia chama de “irmão do Senhor” – “Porque antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios;mas, depois que chegara, se foi retirando e se apartou deles...”-
Gálatas 2:12. O Apostolo Pedro, de fato, não era o Pastor da Igreja de
Jerusalém, mas era considerado uma de suas colunas, na expressão usada por Paulo – “E conhecendo Tiago, Pedro e João, que eram
considerados como as colunas” – Gálatas 2:9.Perceba a expressão de Paulo – ele falou em colunas, isto porque para ele a base da Igreja, ou o alicerce, o fundamento, a pedra angular era Cristo, conforme escreveu – “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que está posto, o qual é Jesus Cristo”- I Coríntios 3:11.
4 – Pedro foi um Apostolo chamado por Jesus e foi uma benção
nas mãos de Deus.
Porém, ele não foi a pedra referida por Jesus, sobre a qual a Sua Igreja
seria edificada. Essa Pedra, segundo a Bíblia, é o Próprio Jesus. O
Apóstolo Pedro foi uma benção, mas, não foi designado Representante de
Deus aqui na Terra, pois, segundo a Bíblia, o enviado para representar Deus,aqui na terra, foi o Espírito Santo, e ele, tendo vindo no Dia do Pentecoste,continua aqui com a Igreja do Senhor e só voltará ao céu no Dia do Arrebatamento da Igreja.Que o Espírito Santo é o representante enviado por Deus, foi o próprio Jesus quem afirmou, quando disse – E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”- João 14:16-18.Portanto, biblicamente, qualquer homem que se intitular como sendo Representante de Deus, será um usurpador, porque esta função é exercida pelo Espírito Santo.
5 – O Apostolo Pedro foi uma bênção
Contudo, não foi o fundador da Igreja de Jesus, nem foi o Pastor ou Bispo
de Roma e, muito menos, o Primeiro Papa. Papa, Bispo Universal, Sumo
Pontícife ou Chefe Supremo, são expressões análogas, ou similares. É sabido que nos primeiros séculos a História da Igreja não atesta a existência de um Papa, ou Bispo Universal. Segundo consta o primeiro Bispo que avocou o direito de impor ordens aos outros Bispos foi LeãoI, que exerceu o Bispado entre 440 e 461 dC. Não conseguiu seu intento de ser Bispo Universal face a resistência da Igreja de Constantinopla.
Assim, foi somente no inicio do sexto século, ou, mais precisamente, no
ano 606 dC, com a declaração e reconhecimento de Bonifácio III como
sendo Bispo Universal, é que iria surgir, de fato, o primeiro Papa, ou
Sumo Pontícife, reconhecido pela Igreja Católica Romana.
A Igreja do Senhor Jesus Cristo, aquela que ele chamou de “a Minha
Igreja”, a qual foi fundada na Cruz do Calvário, tem, desde a sua
Inauguração, no Dia do Pentecostes, um Chefe Supremo, ou se
preferirmos, um Sumo Pontícife, aqui na terra, mas, este, segundo a
Bíblia, é o Espírito Santo. A Igreja Católica Romana, embora sem nenhuma prova bíblica, ou histórica, confiável, insiste na tese de que Pedro foi Bispo da Igreja de Roma para poder dar sustentação a idéia de ter sido ele o primeiro Papa, ou Bispo Universal. O Apostolo Pedro, contudo, na sua humildade, nunca teve essa pretensão.Considerava-se um Presbítero igual aos demais, exortava os demais Obreiros a não exercer domínio sobre a Igreja, e reconhecia a Jesus como sendo o Sumo Pastor.
Para comprovar estas afirmações vamos reproduzir, aqui, as palavras
escritas pelo próprio Pedro e que estão registradas em todas as Bíblias
traduzidas para o Português, como também na “Vulgata Latina” que,
conforme afirmamos foi declarada a Bíblia Oficial da Igreja Católica.
São palavras do Apostolo Pedro - “Aos presbíteros que estão entre
vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e
testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar; apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançáreis a incorruptível coroa de glória”-I Pedro 5:1-4.
6 – É certo que não foi Pedro e nem Paulo o Fundador da Igreja de
Roam – então, quem foi?
De Pedro, nada se diz sobre ter ele estado em Roma. Porém, Paulo,
sabemos que esteve, pois, está registrado na Bíblia. Todavia, antes dele
viajar pela primeira vez para Roma, ele já sabia haver lá uma Igreja
próspera, pois, para aquela Igreja ele escreveu a Epistola aos Romanos.
Nela Paulo confessa seu desejo de ir a Roma, mas afirma ter sido impedido – Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco, mas até agora tenho sido impedido”...”- Romanos 1:13. Assim, não tendo sido Pedro e nem Paulo Fundador da Igreja de
Roma, então quem foi eu não sei, você não sabe, ninguém sabe. O seu
nome, ou os seus nomes, somente foi escrito no Livro da vida, aquele
mesmo referido por Paulo em Filipenses 4:3, onde Paulo faz alusão a alguns cooperadores e diz – “...cujos nomes estão no livro da vida”.
Acredita-se que o Evangelho tenha chegado a Roma ainda como reflexo
do Dia do Pentecoste. Pentecoste era uma das Sete Festas sagradas de
Israel. Destas sete, as três principais eram A Festa da Páscoa, do
Pentecoste dos Tabernaculos. Judeus e prosélitos vindos de todas as
partes convergiam-se para Jerusalém nos dias destas Festas.Era a Festa do Pentecoste – por isto está escrito, que “E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu”- Atos 2:5. No meio dessa grande multidão estavam, também “...forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos) – Atos 2:10. A origem da Igreja de Roma pode, pois, estar em Atos 2:10. Todos,inclusive os Romanos que falavam o latim, ouviram os discípulos
proclamarem a glória de Deus na língua do pais de cada um – os Romanos
ouviram Galileus falando em latim, pois a Palavra de Deus declara que – “E,correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa,
porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos
pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que! Não são galileus todos esses homens que estão falando? Como pois os ouvimos cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?”-Atos 2:6-8. Diante desta misteriosa e insuspeita operação do Poder de Deus, todos,na seqüência, ouviram a Pregação da Palavra de Deus, e diz a Bíblia que –“De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas” –Atos 2:41-42.
Os forasteiros que permaneceram por mais alguns dias em Jerusalém,
continuaram ouvindo as pregações e os ensinos da Palavra de Deus – “E
perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”- Atos 2:42. Portanto, é possível imaginar queaqueles “...forasteiros romanos (tanto judeu como prosélitos)”
estivessem entre os quase três mil que receberam a Palavra e que, ao
retornarem para Roma, tal como tochas vivas começaram a incendiar a
Capital Mundial do Império Romano e, em, conseqüência, pode ter sido
fundada A igreja de Roma. Os nomes dos fundadores? Só Deus sabe!
Eles estão no “Livro da vida”, e, certamente serão galardoados no
Tribunal de Cristo – Romanos 14:10 e II Coríntios 5:10.





7 – A Igreja de Roma teria sido fundada por Áquila e Priscila,
afirmam outros
Esta é outra hipótese aventada por outros. A Bíblia nos informa que este
abençoado casal tinha morado na Itália, mais precisamente em Roma, de
onde tiveram que sair por ordem do Imperador Cláudio que, no ano 49 dC.
expulsou de Roma todos os judeus – conheceram Paulo em Corinto – “E
depois disto partiu Paulo de Atenas e chegou a Corinto. E, achando
um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco
tinha vindo da Itália, e Priscila sua mulher (pois Cláudio tinha
mandado que todos os judeus saíssem de Roma) , se ajuntou com
eles. E, como era do mesmo oficio, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por oficio fazer tendas”- Atos 18:2-3. Ao que tudo indica voltaram para Roma, pois, Paulo ao escrever a Epistola aos Romanos enviou saudações ao casal, como também para a Igreja que se reunia em sua casa - “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus...Saudai também a igreja que está em sua casa...”- Romanos 16:3-5. É, pois, possível que eles tenham fundado A Igreja de Roma, antes, é claro, muito antes de terem sido expulsos, pelo Imperador Cláudio. Porém,não há qualquer comprovação bíblica, ou histórica. São hipóteses, apenas! A verdade é que havia, em Roma, uma grande e poderosa Igreja formada tanto por gentios, como também por judeus. Se ela foi fundada pelos judeus, ou prosélitos que estavam em Jerusalém no Dia do Pentecoste, se ela foi fundada por Áquila e Priscila, ou se foi fundada por outro, em nada altera A História da Igreja!




III – A EPÍSTOLA AOS ROMANOS – ALGUNS DETALHES
1 – Destinatário – Igreja de Roma
Conforme temos visto havia em Roma, a Capital do Império Romano,
uma próspera e abençoada Igreja Local, fundada, provavelmente, por
aqueles, ou por um, ou alguns deles, “...forasteiros romanos (tanto
judeus como prosélitos)” – Atos 2:10, que estiveram em Jerusalém no
Dia do Pentecoste, e cujos nomes não foram registrados pelo homem.
2 – O Autor da Epístola
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado
para o evangelho de Deus”- Romanos 1:1. É assim que começa a
Epístola, não deixando dúvidas de que o seu Autor foi Paulo.
Paulo, contudo, não a escreveu de próprio punho, mas ditou-a a um
amanuense chamado Tércio, conforme se encontra em Romanos 16:22–
“Eu, Tércio, que esta carta escrevi, vos saúdo no Senhor”.
Amanuense eram profissionais que escreviam textos à mão. Era o que se
pode chamar de escrevente, ou copista. Entre os Romanos os senhores,
geralmente, tinham um escravo amanuense que fazia o trabalho de
Secretário, cuidando da escrita dos negócios de seu amo.
Como Tércio envia à Igreja de Roma sua saudação pessoal, fica claro que
ele também era cristão e que, muito provavelmente, estava prestando um
serviço gratuito a Paulo.
3 - Quando foi escrita e por quem foi enviada
Escrita, ao que parece, entre os anos 57 e 58 dC., durante sua Terceira
Viagem Missionária, quando Paulo se encontrava em Corinto, após longa
permanência em Éfeso – “Depois que cessou o alvoroço, Paulo chamou seus discípulos e, abraçando-os, saiu para a Macedônia. E, havendo andado por aquelas terras e exortando-os com muitas palavras, veio á Grécia...”- Atos 20:1-3.Lembrando que Corinto era uma cidade da Grécia. Em Corinto Paulo encontrou uma irmã chamada Febe, natural de Cencréia, uma cidade portuária próxima de Corinto, e que viajaria para Roma – Paulo aproveitou o ensejo para escrever sua Epistola aos Romanos, enviando-a pelas mãos da irmã Febe a quem recomendou – “Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na Igreja que está em Cencréia, para que a recebas no Senhor, como convém aos santos; e a ajudeis em qualquer coisa que de vos necessitar; porque tem hospedado a muitos, como também a mim mesmo”- Romanos 16:1-2. Ao recomendar Febe percebe-se que Paulo escreve com muita
familiaridade. Isto porque, conquanto seja certo que Paulo nunca tinha
estado em Roma, pelo menos depois de sua conversão, ele tinha muitos
amigos e irmãos naquela cidade. Por certo eram pessoas convertidas sob o
seu Ministério noutras regiões e cidades, e que agora viviam em Roma.
Esta era, pois, mais uma das razões pelas quais ele manifesta seu desejo
de ir à Roma. Perceba, ainda que se Pedro fosse Pastor ou Bispo da Igreja
de Roma, Paulo jamais deixaria de fazer menção do mesmo. É certo que
Pedro nunca esteve em Roma.
4 – O Tema da Epistola aos Romanos
A Justificação pela Fé pode ser considerada o Tema Central da Epístola
aos Romanos. O Apóstolo Paulo, em Romanos, responde a pergunta
formulada por Jó – “...porque como se justificaria o homem para com
Deus?”- Jó 9:2. Paulo, então diria haver somente uma maneira do homem ser justificado, ou tornado justo aos olhos de Deus – “Sendo, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo”- Romanos 5:1. Para este homem justificado, Paulo complementa
– “Portanto, agora, nenhuma condenação há...”- Romanos 8:1. A
Justificação leva o homem a uma mudança de posição diante de Deus – o
homem passa de Réu a Justo. Isto graças ao Sacrifício Expiatório
realizado por Jesus, na Cruz do Calvário, que é aceito, pela fé.
Durante os próximos três meses estaremos estudando todos os aspectos
abrangentes nesta Epístola aos Romanos que muitos consideram ser mais profunda de todas as Epistolas, e, talvez o livro mais importante da Bíblia. É conhecida como A Epístola da Reforma, sendo que Martinho Lutero chegou a afirmar que se apenas o Evangelho de João e a Epistola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo.È claro que esta declaração de Lutero ressalta a sua gratidão e predileção por esta Epistola que foi o instrumento usado por Deus para mudar o curso de sua vida depois de nela ter lido que “...Mas o justo viverá pela fé”- Romanos 1:17.A Epistola aos Romanos é sem dúvidas, de especial importância,porém, não podemos menosprezar nenhum dos 66 livros da Bíblia, todos considerados Canônicos, e que foram preservados pelo Poder do nosso Deus porque Ele os considerou necessários ao nosso viver Cristão.
IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Paulo desejava ir à Roma – Deus concedeu o desejo do seu
coração
O Salmista Davi afirmou – “Deleita-te também no Senhor, e ele te
concederá o que deseja o teu coração”- Salmo 37:4. Paulo confessa que tinha um desejo no seu coração – o de ir à Roma – “Pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais
confortados”- Romanos 1:10-11. Visitar e conhecer A Igreja de Roma
– “...porque em todo o mundo é anunciado a vossa fé “- Romanos
1:8.
O Plano elaborado pelo homem, chamado Paulo
“Pelo que também muitas vezes tenho sido impedido de ir ter
convosco. Mas, agora, que não tenho mais demora nestes sítios, e
tendo já há muitos anos grande desejo de ir ter convosco, quando
partir para a Espanha, irei ter convosco...Mas, agora, vou a Jerusalém para ministrar aos santos”- Romanos 15:22-26.
Paulo detalhou o seu plano! Ele está em Corinto, vai à Jerusalém levar
da parte da Macedônia e Acaia – “...uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”- Romanos 15:26.
Parêntese – Perceba que Paulo vai levar “uma coleta”, certamente que
uma oferta, em dinheiro, “para os pobres dentre os santos” que estavam na Igreja de Jerusalém. Naquela Igreja havia crentes chamados de santos e que eram pobres. Hoje, ao que parece isto não é aceito em algumas Denominações que se dizem “evangélicas” Crente pobre tem que ficar rico.Mesmo que seja necessário determinar que Deus dê a riqueza. Porém, Paulo e a igreja de Jerusalém não pensavam desta maneira. O Senhor Jesus também não, pois, ele disse que –“...os pobres, sempre os tendes convosco...”- João 12:8.Com relação a existência de crentes pobres alguém deve estar errado! Seráquem?! Fechando parêntese
O Plano de Paulo ainda não estava no Tempo de Deus
Paulo foi à Jerusalém – porém, em lá chegando, quase foi linchado,
tendo sido, contudo, preso. De Jerusalém foi transferido, ainda como
prisioneiro, para Cesaréia, onde permaneceu dois anos preso – Atos 21 a 26. Então chegou o tempo de ir à Roma! Mas, não foi como ele imaginou ir –foi como prisioneiro, mais foi ! Depois de uma Viagem bastante
tumultuada, com tempestade no mar, naufrágio do navio, picada de cobra,
três meses retido numa Ilha, Atos 27 e 28 - finalmente Paulo estava em
Roma! Em Roma ele ficaria por dois ano, porém, preso!Paulo, durante anos alimentou o desejo de ir à Roma. O Salmista disse –“deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração”.Anote isto – nem sempre o nosso desejo se cumpre da maneira que nós sonhamos e queremos, mas, da maneira que Deus quer! Deus é
Soberano! Você pode dar glórias a Deus por isto?!

O CRISTIANISMO JUDAIZANTE

A questão relativa ao papel da lei sempre foi uma brecha utilizada por Satanás para tumultuar a Igreja.
INTRODUÇÃO
- Estudaremos a que é, talvez, a mais antiga doutrina falsa que se infiltrou na Igreja, qual seja, a “doutrina judaizante”, isto é, o ensino de que aquele que crê em Jesus Cristo como único e suficiente Salvador tem de observar os preceitos da lei judaica, observância esta que é necessária para a salvação.
- Os “grupos judaizantes” existiam desde o início da história da Igreja, tendo sido a causa da realização do chamado “concílio de Jerusalém”, a primeira reunião cristã para dirimir dúvidas e questões doutrinárias, registrada em Atos 15, cuja conclusão é a base para o repúdio a estes ensinamentos que, ainda hoje, persuadem e colocam em risco milhares de almas que aceitaram a Cristo como seu Salvador.
I – O SENTIDO DA LEI DE MOISÉS
- Denominamos, neste estudo, de “doutrina judaizante” ao conjunto de ensinamentos que exigem que o salvo, para ser salvo, além de crer em Jesus como Seu único e suficiente Senhor e Salvador, deve observar a lei judaica, isto é, a lei estabelecida por Deus a Israel no monte Sinai, por intermédio de Moisés (Ex.19:5-25), que tem seu ponto máximo nos chamados “dez mandamentos” ou “dez palavras” (Ex.20), mas cujo conteúdo se encontra, basicamente, não só no livro de Êxodo, a partir do capítulo 20, mas também nos livros de Levítico, Números e Deuteronômio, tendo, ao longo dos séculos, sido acrescida de tradições estabelecidas pelos mestres judaicos, os chamados “rabis” (cf. Mt.15:2; 23:4,8).
- A lei, também chamada de “lei de Moisés”, nada mais é que um pacto estabelecido entre Deus e Israel, através do qual Deus escolhia Israel para ser o Seu povo dentre as demais nações da Terra, o que elevava Israel à condição de reino sacerdotal e povo santo (Ex.19:5,6), ou seja, seria um povo separado do pecado e um povo que seria o mediador entre Deus e as demais nações, porque desta nação adviria o Messias, ou seja, o Ungido, Aquele que, da semente da mulher, promoveria a reconciliação entre Deus e os homens (cf. Gn.3:15). É por isso que Jesus, em Seu diálogo com a mulher samaritana, mostrou que a salvação viria dos judeus (Jo.4:22 “in fine”).
- A lei, portanto, foi um acordo entre Deus e Israel, feita para o bem da humanidade, mas com o objetivo de fazer Deus conhecido através deste povo escolhido até que viesse Aquele que, da semente da mulher, esmagasse a cabeça da serpente, tendo ferido o Seu calcanhar. Disto, aliás, foi testemunha o próprio Moisés que, no ocaso do seu ministério, disse a Israel que, do seu meio, surgiria um outro profeta que deveria ser ouvido pelo povo (Dt.18:15).
- Vemos, pois, que a lei, embora fosse santa, e o mandamento, santo, justo e bom (Rm.7:12), não era um instrumento definitivo e feito para permanecer indefinidamente como critério de relacionamento entre Deus e o homem, porquanto tinha um propósito bem marcado: o de fazer com que Israel levasse as demais nações à presença de Deus até que surgisse a semente da mulher para esmagar a cabeça da serpente.
- Tanto assim é que, ao longo da história de Israel, com a lei já em pleno vigor e estabelecida, Deus torna a prometer a vinda dAquele que traria a remissão dos pecados, a reconciliação entre Deus e os homens. Ao escolher Davi como rei sobre Israel, o Senhor lhe promete que, da sua descendência, surgiria um reino que ficaria firme para sempre (II Sm.7:16), um descendente que jamais veria a corrupção ocasionada pelo pecado (Sl.16:9,10; At.2:25-36). Através dos profetas, também, em plena vigência da lei, insiste o Senhor em manter a promessa do Messias, Aquele que traria a redenção do povo, extirpando o pecado e estabelecendo a plena comunhão entre Deus e os homens (Is.7:14; 9:1-7; Dn.9:24-27; Mq.5:2).
- Não bastasse isso, as próprias Escrituras hebraicas previram que a lei seria substituída por um outro pacto, que se estenderia a outros povos além de Israel, como vemos, por exemplo, nos profetas Isaías (Is.49), Jeremias (Jr.31:37-41) e Ezequiel (Ez.47:21-23). E qual seria a personagem que estabeleceria este novo tempo? O Messias, como se lê em Is.42:1,6 e 49:6.
- Vemos, portanto, que, em todo o Antigo Testamento, as chamadas Escrituras hebraicas, a lei nunca foi demonstrada como um elemento definitivo da revelação divina, mas como um mecanismo para guiar o relacionamento entre Deus e Israel até que surgisse o Messias que, como não podia deixar de ser, nasceu sob a lei(Gl.4:4), visto que era um israelita.
- O fato de Jesus ter nascido sob a lei e de tê-la cumprido integralmente (aliás, foi o único homem a cumprir a lei) (Mt.5:17) é, a propósito, a comprovação do que temos dito até aqui. A lei foi estabelecida como um critério de relacionamento entre Deus e Israel até que viesse o Messias. A lei, embora não tivesse o poder de eliminar o pecado, tinha por finalidade mostrar o pecado e prescrever uma conduta para que o povo de Israel se mantivesse separado do pecado (i.e., santo). Assim, imperioso que o Messias, ao chegar, cumprisse a lei, a fim de provar não só que Ele era o Messias, mas que poderia ser o exemplo, pois só mesmo quem cumprisse a Lei teria autoridade para remover o pecado do mundo.
- Jesus nasceu sob a lei e a cumpriu, pois era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo.1:29), como foi anunciado por João Batista, que, não coincidentemente, foi o último profeta do tempo da lei (Mt.11:13; Lc.16:16). Desta forma, fazia parte do ministério de Jesus, de Sua obra, a observância da Lei, pois só se Se apresentasse como cordeiro sem mancha, sem defeito durante três anos e meio (cf. Ex.12:3-6), poderia ser sacrificado para a salvação da humanidade.
- No entanto, após ter cumprido a lei e Se sacrificado para tirar o pecado do mundo, Jesus esmagou a cabeça da serpente, pois, ao tirar o pecado do mundo, restabeleceu a comunhão entre Deus e os homens, tanto que, ao dar Seu último brado na cruz, o véu do templo se rasgou de alto a baixo, véu este que era o símbolo maior da divisão que existia entre Deus e os homens, apesar da vigência da lei (Mt.27:50,51).
- Na verdade, a observância da lei não tinha tido o condão de tirar o pecado do mundo. A existência de separação entre a arca do concerto, símbolo maior da presença de Deus na lei de Moisés (Ex.25:22; Lv.16:2; Nm.7:89; I Sm.4:21), e o povo era a prova viva de que a lei não conseguira remover o pecado, pecado que era apenas coberto pelo sangue dos animais sacrificados (Sl.32:1; Hb.10:1-4). Todavia, com a vinda de Cristo, Sua morte e ressurreição, os pecados foram removidos e, por isso, estabelecido foi um novo concerto, um novo pacto entre Deus e os homens (cf. Hb.10:9-18). Não foi por outro motivo que Jesus, ao celebrar a última páscoa, instituiu a ceia do Senhor, uma nova cerimônia para dar conta de um novo tempo que se instituía no relacionamento entre Deus e os homens (Mt.26:17-30; Mc.14:12-26; Lc.22:7-23).
- Notamos, portanto, que a lei era um instrumento estabelecido para o relacionamento entre Deus e Israel até que viesse o Messias que, ao cumprir a lei, estabeleceria um novo pacto, uma nova forma de relação entre Deus e os homens, até porque Israel rejeitou a pregação do evangelho por Jesus, abrindo a oportunidade a todas as nações (Mt.10:5,6; 15:24; Jo.1:11-13; Rm.9-11).
II – A DOUTRINA JUDAIZANTE : SUA ORIGEM E A RESPOSTA BÍBLICA A ELA
- Apesar de todas estas evidências bíblicas, Satanás, usando de sua já conhecida e estudada astúcia e sutileza, cedo infiltrou no meio da Igreja a idéia de que a lei continuava vigorando apesar da morte e ressurreição de Jesus. Para tanto, confundiu as mentes de alguns aproveitando-se da circunstância de que Jesus havia realizado Seu ministério debaixo da lei e de que os primeiros crentes eram judeus, já que a primeira pregação do Evangelho após a ascensão do Senhor se deu, precisamente, numa festa judaica, a festa de Pentecostes (cf. At.2:6-11).
- Como Jesus nasceu sob a lei e tinha de cumprir a lei para se mostrar como o Messias, o Santo de Deus (Mc.1:24; Lc.1:35; 4:34; At.3:14), é evidente que sempre encontraremos nas atitudes e ações do Senhor o estrito cumprimento da lei de Moisés, em todos os seus pormenores. Entretanto, o fato de ter cumprido a lei não O impediu de anunciar o Evangelho e de mostrar que o relacionamento que pretendia estabelecer entre Deus e os homens eram mais profundo que a lei, encontrava-se em outro patamar, como deixou bem claro, por exemplo, no sermão do monte (Mt.5-7) e em diversas oportunidades, ao longo do Seu ministério, notadamente na questão a respeito do sábado, onde sempre insistiu que Ele estava acima do sábado (Mt.12:8), bem como que o sábado havia sido estabelecido para o homem e não o homem para o sábado (Mc.2:27).
- O adversário, porém, até hoje, faz ver nestes gestos de Jesus ou em algumas atitudes dos apóstolos de cumprimento da lei uma “comprovação bíblica” de que a lei precisa ser cumprida ainda hoje, mesmo uma chamada “lei moral”, que seria a “lei permanente”, a lei que teria permanecido em vigor a partir da vinda de Cristo, sutil divisão que, não obstante, não se encontra, em momento algum, nas Escrituras, que sempre trata a lei como “lei”, como um conjunto único de regras e mandamentos que norteavam o relacionamento entre Deus e os homens, por intermédio de Israel.
- Assim, é compreensível que, no início da igreja primitiva, os discípulos, judeus que eram, tenham mantido as práticas e os costumes judaicos, observando o sábado, circuncidando-se, observando as leis dietéticas e demais mandamentos da lei. Por primeiro, viviam em Israel e estas práticas e costumes, além de serem religiosos, eram, também, parte da sua cultura, do seu modo de viver na sociedade. A cultura, conjunto de práticas e costumes criados pelos homens em seus respectivos grupos sociais, é conseqüência da própria natureza humana, sendo algo que Deus não retira da vida humana, a menos que contrarie a Sua Palavra. Ora, a cultura judaica havia sido estabelecida por força da própria vontade divina e não haveria, portanto, motivo algum para exigir desta comunidade cristã nascente uma modificação total de modo de vida em sociedade, a não ser naquilo que, eventualmente, estivesse a contrariar as Escrituras.
- Neste ponto, aliás, durante o próprio ministério de Jesus Cristo, vemos que os discípulos não eram tão escrupulosos com a tradição e os costumes culturais como os fariseus, tanto que, mais de uma vez, vemos os fariseus recriminando não só ações dos discípulos, porque em desacordo com os costumes e tradições dos anciãos (cf. Mt.12:2; 15:2) mas do próprio Jesus (Mt.9:11; 12:10). Assim, de pronto, devemos observar que nunca houve em Jesus ou em Seus discípulos um estrito legalismo como o que é apregoado pelos judaizantes. Tudo o que era cultural e não tinha o valor de mandamento divino não era observado por Cristo nem por Seus discípulos.
- Pelo contrário, Jesus denunciou o legalismo, próprio dos fariseus, condenando-o por sufocar a Palavra de Deus (Mt.12:3-8; 15:3-9), bem demonstrando qual era o objetivo da lei e da própria vontade do Senhor, tendo deixado isto bem claro ao preceituar a Sua doutrina, como vemos no sermão do monte (Mt.5-7), onde, aliás, não há qualquer menção à guarda do sábado.
- No entanto, apesar destes testemunhos de Cristo, no início da igreja primitiva, logo surgiram aqueles que não foram cautelosos e cuidadosos, deixando-se levar pelo “fermento dos fariseus”, apesar das advertências do Senhor no Seu ministério terreno (Mt.15:10-20; 16:1-12; Mc.8:15-21), passando a querer exigir a observância da lei como um requisito para a salvação (cf. At.15:1). Surgia, então, a “doutrina judaizante”, que punha a observância dos mandamentos como um elemento necessário para a salvação.
- A “doutrina judaizante” manifestou-se sutilmente na Igreja na forma de um exclusivismo de pregação aos judeus. Os primeiros crentes deixaram-se levar pela cultura judaica e se comportaram como uma mera “seita judaica”, a ninguém pregando o Evangelho senão aos judeus (cf. At.11:19), não atentando para as palavras de Jesus pouco antes de Sua ascensão, segundo a qual teriam de pregar o Evangelho a toda criatura (Mt. 28:19; Mc.16:15; At.1:8). Este comportamento foi desaprovado pelo Senhor, tanto que se permitiu uma dura e cruel perseguição aos crentes para que saíssem de Jerusalém, a fim de propagar o evangelho (cf. At.8:1), mas, ainda assim, mesmo dispersos pelo mundo, os crentes mantiveram uma postura cultural de não pregar senão somente aos judeus (cf. At.11:19), o que somente foi rompido por alguns servos do Senhor de Chipre e de Cirene (região que hoje corresponde ao norte da Líbia), que foram os primeiros a pregar o Evangelho aos gentios, em Antioquia, então capital da província romana da Síria, à qual pertencia a Palestina.
- Esta resistência cultural é bem demonstrada, no livro de Atos, no episódio que nos dá conta da pregação do Evangelho a Cornélio e aos seus (Atos 10 e 11), resistência não só do apóstolo Pedro, mas da igreja em Jerusalém, que foi sempre um dos redutos dos judaizantes.
- Com o início da pregação aos gentios, em Antioquia, estes setores judaizantes de Jerusalém, agindo por conta própria e sem a autorização do seu pastor, Tiago, o irmão do Senhor (cf. At.15:24), passaram a ir até o encontro das igrejas gentílicas que se formavam, defendendo a necessidade da prática da lei para que houvesse a salvação, tendo, neste particular, tido a oposição de Barnabé e de Paulo, os grandes evangelistas entre os gentios. Paulo, aliás, em quase todas as suas cartas, toca no tema, sendo certo que a epístola aos gálatas é inteiramente dedicada a este assunto.
- O tumulto foi tão grande que foi preciso reunir os apóstolos e os anciãos da Igreja em Jerusalém e, sob a orientação do Espírito Santo, decidir a respeito, tendo, então, ficado patente que a observância da lei não era exigível aos gentios, porque não havia qualquer papel a ser exercido pela lei na salvação do homem. Nesta reunião da Igreja, que não foi decisão humana, mas decisão dirigida pelo Espírito Santo (At.15:28), estabeleceu-se, para que não houvesse mais dúvidas, que os gentios deveriam, tão somente, abster das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação (At.15:29), não se devendo, pois, cumprir a lei judaica, nem mesmo a guarda do sábado. Deus, através do Seu Santo Espírito, o Paráclito da Igreja, dava a resposta aos judaizantes, inclusive preparando aqueles que, ao longo da história da Igreja, seriam perturbados de novo por este tipo de doutrina.
- Mas, por que o Espírito Santo assim decidiu, usando dos apóstolos e anciãos da igreja primitiva no concílio de Jerusalém? Porque a “doutrina judaizante”, dentro da sua sutileza, também tem como objetivo menosprezar o sacrifício vicário de Cristo na cruz do Calvário. Na medida em que exigimos a observância da lei para a salvação do homem, estamos a dizer que o sacrifício de Jesus é insuficiente para que o homem seja salvo, que o homem somente será salvo se fizer as obras da lei, o que equivale a dizer que Jesus não é o Salvador.
- Entretanto, a Bíblia é claríssima ao mostrar que as obras da lei são incapazes de salvar o homem e que o homem é justificado sem as obras da lei (Rm.3:28). Na epístola aos romanos, Paulo, como estudamos no trimestre anterior, dá-nos o mais profundo significado da salvação nas Escrituras, precisamente, entre outros pontos, mostrando-nos que a lei jamais pôde salvar quem quer que seja e que somente Jesus pode fazê-lo. A defesa da guarda da lei é, pois, uma demonstração de incredulidade no poder do sacrifício de Cristo no pecado e tudo que não é por fé, é pecado (cf. Rm.14:23 “in fine”).
- Não bastasse isso, que é suficiente para não confiarmos na guarda da lei como requisito para a salvação, o apóstolo Paulo também demonstrou que a lei, ao tornar o homem consciente do seu pecado sem ter a capacidade de salvá-lo, opera tão somente a maldição para o homem, nunca a bênção, de forma que quem escolher a lei como requisito para a sua salvação, estará assinando a sua própria sentença de morte espiritual, pois “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gl.3:10). Por isso, o que a Bíblia nos ensina é que todo aquele que escolher a lei como veículo de salvação, estará irremediavelmente perdido, pois escolheu para si próprio a maldição. Pensemos nisto antes de nos deixarmos persuadir pelos judaizantes!
III – AS PRÁTICAS EXIGIDAS PELOS PRIMEIROS JUDAIZANTES, OS DOS TEMPOS APOSTÓLICOS, E SUA REPERCUSSÃO NA IGREJA
- Conforme nos relata o Novo Testamento, os judaizantes dos tempos apostólicos manifestavam-se mediante a exigência, como requisito para salvação, de algumas práticas por parte dos gentios que se convertiam ao cristianismo. A primeira delas é a circuncisão (At.15:1), ato pelo qual alguém do sexo masculino assumia a identidade judaica. A circuncisão, estabelecida antes mesmo da lei de Moisés, pois foi o sinal estabelecido no pacto entre Deus e Abrão (Gn.17:9-14), era o ato de inserção no povo de Deus, daí porque os judeus se vangloriarem em se denominar “descendência de Abraão” (cf. Jo.8:33).
- No entanto, tal exigência, que foi a principal motivação para a convocação do concílio de Jerusalém, era descabida, porquanto a filiação de Abraão, como o disse o próprio Jesus, não é uma filiação baseada num ritual externo, como a circuncisão, mas uma filiação decorrente da fé em Jesus, tanto que a justificação de Abraão se deu não pela circuncisão, mas quando creu eu Deus, crença esta que se deu antes de se circuncidar (cf. Rm.4:10). Aliás, na própria lei, Deus mostrou que relevante era a “circuncisão do coração” (Dt.10:16; 30:6), o que, depois, foi confirmado pela palavra dos profetas (Jr.4:4), ensino que foi retomado por Paulo (Rm.2:29; Cl.2:11).
- Como podemos perceber, portanto, esta primeira exigência dos judaizantes, pedra de toque de sua doutrina, foi frontalmente repelida seja pela própria lei, seja pelos apóstolos, talvez sendo, por isso, que tenha sido “esquecida” pelos judaizantes dos nossos dias. Todavia, o mesmo princípio válido para a repulsa bíblica desta prática vale para todas as demais: a circuncisão estabelecida por Deus a Abraão tinha um papel restrito a Israel e era, na verdade, figura, símbolo de uma realidade espiritual que se revelou plenamente com Cristo Jesus. Assim, a circuncisão simboliza a conversão do homem, o arrependimento pela fé em Cristo, que faz com que o homem nasça de novo e passe a pertencer ao povo de Deus, a Igreja.
- A segunda prática que os judaizantes dos tempos apostólicos exigiam dos gentios era a relacionada com a guarda do sábado (cf. Gl.4:9,10), determinada no quarto mandamento (Ex.20:8-11; Dt.5:12-15). Tal disposição também não constou daquilo que foi exigível aos gentios que se converteram no concílio de Jerusalém, o que é o bastante para mostrarmos que, aos crentes em Cristo, não está prescrita tal exigência, já que as deliberações de Jerusalém foram tomadas não só pelos apóstolos e anciãos, mas também pelo Espírito Santo (cf. At.15:28).
- Entretanto, quando analisamos o próprio mandamento da guarda do sábado, verificamos que sua amplitude não abrange, mesmo, a Igreja, sendo algo relativo tão somente a Israel. Ao contrário da circuncisão, que foi estabelecida entre Deus e Abraão, o sábado foi instituído somente quando se fez o pacto entre Deus e Israel no monte Sinai, primeiro indicativo de que se tratava de uma instituição restrita a este povo.
- Mas, alguém poderia objetar esta nossa conclusão, dizendo que há instituições prescritas nos dez mandamentos que estão presentes apenas nos “dez mandamentos” e que nem por isso seriam restritas apenas a Israel, como a proibição do furto ou da cobiça do alheio. No entanto, para que não houvesse qualquer dúvida a respeito, a questão do sábado é cristalinamente explanada na própria prescrição legal. Quando lemos nas Escrituras o quarto mandamento, percebemos que a proibição do trabalho se dava ao israelita, aos seus filhos, aos seus servos, aos animais e “aos estrangeiros que estivessem dentro da sua porta” (Ex.9:10 “in fine”). Percebe-se, pois, do texto, que o mandamento não abrangia senão quem estivesse sob o domínio de Israel. A justificativa da guarda do sábado refere-se à criação do mundo por Deus, mas tal justificativa não é suficiente para dizer que todos os homens estavam sujeitos à guarda do sábado.
- Ao repetir a ordem da guarda do sábado, ainda no livro do Êxodo, quando Moisés entregava as tábuas da lei ao povo, tem-se explicitamente que o sábado é um sinal entre Deus e Israel, um concerto perpétuo, mas restrito a Deus e a Israel (Ex.31:13-17). Os próprios judeus reconhecem que o sábado é o principal sinal da identidade judaica: “…Foi o expoente moderno do nacionalismo cultural judaico, Achad Ha-am (pseudônimo de Asher Ginzberg, 1856-1927), quem cunhou o epigrama que se tornou famoso não só porque era espirituoso mas porque era verdadeiro: ‘Mais do que os judeus têm guardado o Sabath, o Sabath tem sustentado os judeus.’…” (Nathan AUSUBEL. Sabath. In: A JUDAICA, v.6, p.735).
- No texto em se repetem os dez mandamentos, em Deuteronômio, também temos a mesma situação. Repete-se que a amplitude alcança tão somente o estrangeiro que estivesse em território israelita e, mais ainda, apresenta como justificativa do mandamento o fato de Deus ter libertado Israel da escravidão do Egito e que, por isso, deveria Israel guardar o dia de sábado. Este mesmo pensamento é retomado pelos profetas, em especial, Ezequiel, que afirma que o sábado é o sinal da aliança entre Deus e Israel (Ez.20:12,20).
- Percebemos, portanto, que o sábado foi um mandamento estabelecido entre Deus e Israel, algo prescrito pela lei de Moisés para ter vigência enquanto a lei fosse o critério de relacionamento entre Deus e os homens, sendo, por isso, que Jesus, em momento algum de Seu ministério, determinou que se guardasse o sábado, tendo sido este mandamento omitido no sermão do monte.
- O sábado era um sinal para Israel para que este se lembrasse que tinha por Deus o Criador de todas as coisas, que o Senhor era o seu soberano e libertador, que Israel era uma nação sacerdotal e povo santo, como havia escolhido ser no pacto estabelecido no Sinai. O sábado era, portanto, o sinal, a marca distintiva entre Israel e as demais nações.
- O “Israel de Deus”, o novo povo de Deus, a Igreja, porém, não precisa do sábado, pois suas marcas são outras, são “as marcas do Senhor Jesus Cristo” (Gl.6:17), marcas que levamos em nossos corpos, que são o fruto do Espírito Santo (Mt.5:16; 7:15-23; Gl.5:22). Como estamos em paz com Deus, pela justificação pela fé em Cristo (Rm.5:1), vivemos em um descanso ininterrupto, decorrente do fato de termos nos arrependido de nossos pecados e não endurecido os nossos corações (cf. Hb.4:1-11). O sábado é, portanto, figura do descanso que goza aquele que está em comunhão com Deus e, por isso, nos lugares celestiais com Cristo (Ef.1:3).
- Ao mesmo tempo, vemos que, por ter Jesus ressuscitado no primeiro dia da semana (Mc.16:9), passou a ser este o dia em que os cristãos começaram a se reunir e a adorar a Deus, até porque a ressurreição de Cristo é a razão de ser da fé cristã (cf. I Co.15:2,3,17), gesto que agrada a Deus, tanto que Jesus Se revelou a João, na ilha de Patmos, precisamente no domingo (Ap.1:10).
- Não há, evidentemente, qualquer mandamento bíblico para que se guarde o domingo, até porque a guarda de dias é algo que se referia ao tempo da lei, algo que não tem qualquer sentido para a vida cristã, pois o sábado, como já visto, era figura da vida de comunhão com Deus, de uma vida de tempo integral sob o domínio do Espírito Santo. Se Constantino, logo após permitir o culto cristão no Império Romano, ou o Concílio de Laodicéia, em 364, estabeleceram um dia de descanso para o domingo, oportunidade em que os cristãos já se reuniam para servir a Deus, tão somente adaptaram a lei civil a uma prática já existente, a fim de facilitar a adoração a Deus por parte dos cristãos que, até bem pouco tempo antes, tinham de se reunir às escondidas para adorar o Senhor.
- O fato é que não temos de guardar o sábado, porque se trata de uma instituição restrita a Israel e relacionada com a lei, nem tampouco existe qualquer ordem para guardarmos o domingo, pois a guarda de dias é algo que não se coaduna com a fé cristã, que estabeleceu uma perene e ininterrupta dedicação a Deus, o que não nos impede de, dependendo da lei civil do país onde estarmos, aproveitarmos o “dia de repouso semanal”, determinado pelo Estado (no Brasil, este dia de repouso é, preferentemente, o domingo, conforme se prevê no artigo 7º, XV da Constituição da República), para nos dedicarmos mais intensamente às atividades eclesiásticas. Assim, para os cristãos que moram em Israel, este dia será o sábado; para os cristãos que moram nos países islâmicos, a sexta-feira, sem que isto implique em qualquer coisa a não ser no acolhimento da recomendação divina de que devemos remir o tempo(Ef.5:16; Cl.4:5).
- A terceira prática que os judaizantes dos tempos apostólicos queriam impor aos gentios que se convertiam ao cristianismo era a guarda das festividades judaicas (cf. Gl.4:10; Cl.2:16). Aqui, também, vemos que esta guarda estava vinculada exclusivamente a Israel. A lei de Moisés prescrevia quatro festividades, a saber: a Páscoa, o Pentecostes, a Festa dos Tabernáculos e o Dia da Expiação. Ao longo da história de Israel, outras festas foram acrescentadas, como o Purim e a Festa da Dedicação (Chanucá), bem como os dias de jejuns rituais, festividades, porém, que sempre foram consideradas menores, já que não presentes na lei mosaica. De qualquer maneira, com a vinda de Cristo, todas estas festividades, que apontavam para realidades espirituais mais profundas(cf. Cl.2:17), não mais precisam ser comemoradas, com exceção da ceia do Senhor, que substituiu a Páscoa como celebração comemorativa da morte e ressurreição de Cristo Jesus e anunciadora da Sua volta.
- Verdade é que esta prática judaizante alcançou, à revelia da Palavra do Senhor, sucesso e êxito junto aos segmentos dominantes da Igreja, nos primeiros séculos, quando, em virtude da paganização, acabou-se por utilizar dos argumentos judaizantes para se instituir o calendário litúrgico até hoje adotado por vários segmentos da Cristandade, calendário que tem na Páscoa o seu ponto culminante. Na verdade, esta instituição da “Páscoa cristã” (celebrada no primeiro domingo depois da primeira lua cheia posterior ao início da primavera no Hemisfério Norte, ou seja, outono no Hemisfério Sul) foi uma hábil distorção doutrinária, que combinou a pressão dos judaizantes com a pressão dos que queriam absorver, dentro da Cristandade, as celebrações pagãs que costumavam ocorrer no início da primavera, vinculadas aos cultos de fertilidade. Vemos, pois, que os judaizantes, bem ao contrário do que apregoavam, foram importantes no processo de paganização da Cristandade.
- A quarta prática que os judaizantes pretendiam impor aos gentios que se convertiam ao cristianismo foi a adoção das leis dietéticas, ou seja, das regras referentes à alimentação, visto que a lei de Moisés prescrevia diversas normas a este respeito. Aqui também a iniciativa dos judaizantes foi repelida no concílio de Jerusalém, onde se determinou que, salvo o sangue, a carne sufocada (i.e., a carne de animais que fossem mortos e preparados sem que houvesse, antes, o derramamento do sangue, o que faz com que as pessoas ingerissem esta carne com o sangue do animal) e a carne sacrificada aos ídolos, nada mais fosse impedido de ser consumido por parte dos gentios convertidos ao cristianismo(At.15:28,29; 21:25). Esta liberdade dietética, a propósito, foi, também, objeto de defesa por parte do apóstolo Paulo em algumas de suas cartas (cf. Rm.14:15-21; I Co.8:4-9; Cl.2:16), bem assim do escritor aos Hebreus (Hb.9:10).
- Assim, como disse lapidarmente o apóstolo Paulo, o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. A comida e bebida que importam, na vida espiritual do cristão, é a sua comunhão com Jesus Cristo, como o próprio Senhor ensinou aos judeus na sinagoga de Cafarnaum (Jo.6:48-58). A propósito, uma prova de que as leis dietéticas eram restritas ao tempo da lei encontramos na própria visão que Pedro teve por parte do Espírito Santo, quando o Espírito, por três vezes, disse que não se podia chamar de imundo aquilo que havia sido purificado por Deus (cf. At.10:13-16).
- A quinta e última prática que os judaizantes pretendiam impor aos gentios que se convertiam ao cristianismo era a peregrinação ao templo de Jerusalém e a participação nos sacrifícios e votos ali realizados (cf. At.21:23,24). Neste ponto, aliás, a própria destruição do templo de Jerusalém em 70, por si só, tratou de calar os judaizantes, na medida em que tal prática se tornou impossível. No entanto, para que não houvesse qualquer dúvida, o próprio Jesus já havia dito que a verdadeira adoração independia da ida ao templo, pois os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade (Jo.4:24), expressão de Cristo que mostra, claramente, que, com a Sua vinda, alcançava-se um novo patamar no relacionamento de Deus com os homens. Esta adoração em espírito e em verdade era o resultado da “chegada da hora do Senhor” (cf. Jo.4:21,23). A “hora de Jesus”, ou seja, o tempo da graça e da verdade (Jo.1:17), explica porque não devemos mais seguir a lei, porque a lei é o antigo pacto, que, por ser antigo, se acabou (cf. Hb.8:13).
- Apesar disto, em que pese o templo de Jerusalém ter sido destruído e os próprios judeus não mais fazerem sacrifícios, aguardando a tão esperada reconstrução do templo, algo que não tardará a acontecer, o fato é que, em meio à Cristandade, os argumentos dos judaizantes encontraram eco, sendo a razão de ser de várias práticas que hoje se infiltraram em diversos segmentos ditos cristãos, notadamente a adoção de rituais e cerimônias do antigo pacto, sem se falar na própria doutrina da transubstanciação, segundo a qual, o pão e o vinho da ceia se tornam o corpo e sangue de Cristo, fazendo com que cada culto se torne um sacrifício do Senhor. Ainda que não se tenha o templo, várias práticas cerimoniais do tempo da lei foram e têm sido adotadas e acrescentadas por estes segmentos que, assim, homenageiam os judaizantes dos tempos apostólicos, causando evidente inobservância da Palavra de Deus.
IV – OS MODERNOS JUDAIZANTES
- Apesar de terem sido censurados pelos apóstolos e de se ter decidido, no concílio de Jerusalém, que não se deveria impor a lei de Moisés aos gentios que se converteram ao cristianismo, o fato é que a história da Igreja mostra que sempre houve aqueles que, a despeito de tudo isto, se deixaram levar pelo “fermento dos fariseus” e tentaram, de uma ou outra forma, “judaizarem” a fé cristã.
- No Concílio de Laodicéia, em 364, por exemplo, o cânon(ou seja, uma regra que ali foi estabelecida) prescreveu que :
"Os cristãos não devem judaizar e descansar no sábado, mas trabalhar nesse dia; devem preferir o Dia do Senhor e descansar, se for possível, como cristãos. Se eles, portanto, forem achados judaizando, sejam malditos de Cristo."
Prova de que, cerca de 300 anos depois do Concílio de Jerusalém, ainda havia aqueles que insistiam na guarda do sábado como requisito para salvação.
OBS: A propósito, devemos aqui observar que este cânon é apresentado pelos adventistas do sétimo dia como sendo a “prova” de que o “domingo” foi estabelecido pelo Papa e que é, portanto, “o sinal da besta”. Entretanto, neste Concílio, além de não se instituir a guarda do domingo, pois apenas se revela o que já existia, há, sim, a repetição do que a Bíblia já dizia com respeito à guarda do sábado. Por fim, o Papa (se é que existia um a este tempo), ou seja, o bispo de Roma, não participou deste Concílio.
- Como gostam de mencionar os adventistas do sétimo dia, ao longo dos séculos, sempre houve grupos que mantinham a guarda do sábado, como a igreja celta (os celtas eram povos que habitavam em parte da Europa, na Grã-Bretanha e Irlanda) e parte dos valdenses, grupo que foi considerado herético pela Igreja Romana. O reformador protestante alemão Andreas Rudolf Karlstadt (1480-1541), que se juntou a Lutero, foi um ardoroso defensor da guarda do sábado.
- No entanto, o movimento que mais vigorosamente, nos últimos tempos, viria a defender a guarda do sábado seria o movimento adventista, cuja principal denominação é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que, já pelo nome, demonstra a importância que dá ao sábado na sua doutrina.
- Na verdade, quando bem analisamos a história do movimento adventista, vemos que este enfoque que se dá ao sábado é decorrência da própria desmoralização que o movimento sofreu em 1848 e como a doutrina surgiu mais como uma “tábua de salvação” para o grupo do que como fruto de uma convicção refletida e profunda.
- O movimento adventista surgiu com William Miller(1782-1849), nascido em Pittsfeld, no estado norte-americano de Massachusetts, embora tenha passado sua infância e adolescência em Hampton, no estado norte-americano de Nova Iorque. Fazendeiro, auto-didata, empenhou-se no estudo das Escrituras, após ter se convertido ao Evangelho, pertencendo a uma igreja batista. A partir dos seus estudos, entendeu que o “fim do mundo” se daria em 1843, começando, então, a pregar a respeito disto, atraindo para si multidões, criando, então, o movimento adventista, época em que publicou o livro Evidence from Scripture and History of the Second Coming of Christ about the year 1843 (Evidências das Escrituras e História da Segunda Vinda de Cristo por volta do ano de 1843).
- Em 1843, porém, Jesus não voltou, mas Miller, alegando algumas falhas em seu primeiro cálculo, disse que Jesus voltaria em 22 de outubro de 1844, tendo, então, milhares de pessoas se preparado para a volta do Senhor, que também não ocorreu. Diante disso, muitos dos seguidores de Miller retornaram a suas igrejas, como o próprio Miller, que admitiu ter se equivocado. Outros, porém, crendo que não poderia ter havido equívoco, tentavam uma forma de explicar o que ocorrera.
- É, então, que surge a figura de Ellen Gould White, que, com 13 anos de idade, em 1840, quando ainda se chamava Ellen Harmon (seu nome de solteira), havia aderido ao movimento adventista de Miller com todo o ardor, quando esteve pregava em Portland, no estado norte-americano do Maine, onde, há dois anos antes, havia se convertido a Cristo, tendo pertencido à igreja metodista. Segundo sua biografia, após a decepção de 1844, White não se conformou com o equívoco e passou a buscar a Deus a fim de que se esclarecesse o que havia ocorrido. Assim, teria tido uma visão em uma reunião familiar de adventistas, em Portland, tido uma visão em que vira o povo do advento para a cidade de Deus, a partir de então, tendo ido anunciar esta sua visão para vários grupos adventistas, passando a ser um alento a este movimento.
- Conheceu, então, James White, jovem pregador adventista, com quem se casaria em 1846. Pouco antes do casamento de ambos, porém, chegou ao conhecimento dos dois noivos um escrito do pastor Joseph Bates, de New Bedford, no estado norte-americano de Massachussets, onde se defendia a guarda do sábado. No dia 7 de abril de 1847, White teria uma nova visão, em que se “esclarecia” o que havia ocorrido em 22 de outubro de 1844, quando se lhe foi mostrada a lei de Deus no santuário celestial com auréola de luz em volta do quarto mandamento, o que a teria feito entender a verdade da importância do sábado para a vida espiritual.
- Segundo esta visão, que era a “tábua de salvação” do adventismo, Jesus, em 22 de outubro de 1844, teria ingressado no “santuário celestial”, para purificá-lo, dando início ao “juízo investigativo”. Na verdade, esta idéia de que Jesus teria, não retornado à Terra em 1844, mas ingressado no “santo dos santos” tinha sido levantada um dia depois do “grande desapontamento”, pelo adventista Hiram Edison que, no dia 23 de outubro de 1844, teria dito ter tido uma visão, que transcrevemos:
“Detive-me em meio ao campo. O céu parecia abrir-se-me a vista e vi distinta e claramente que em lugar de nosso Sumo Sacerdote sair do Lugar Santíssimo do santuário celestial para vir à Terra... Ele pela primeira vez nesse dia entrava no segundo compartimento desse santuário; e que tinha uma obra para realizar no Santíssimo antes de vir à Terra.” (História do Adventismo, de C. Mervyn Maxwel, p. 50) (Natanael RINALDI. Juízo investigativo. http://www.cacp.org.br/advjuizoinvest.htm Acesso em 13 abr. 2006).
b) a guarda do sábado, considerada a “verdade” proveniente da visão do “santuário celestial”.
OBS: “…"Santificar o Sábado ao Senhor importa em salvação eterna". (Livro: Testemunhos Seletos, vol. III pág.22, EGW ed1956).…” (Natanael RINALDI. A questão do sábado. Compilação de João Flávio Martinez. http://72.14.203.104/search?q=cache:RQjPOAPVPhEJ:yeshuachai.org/forum/viewtopic.php%3Fp%3D13441%26sid%3D3460dc20eb1e8c225a9f2766d95696f5+%22guarda+do+s%C3%A1bado%22,+Valnice&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=7 Acesso em 13 abr. 2006).
- Muitos são os grupos ditos “evangélicos” que têm adotado não só a guarda do sábado (como é o caso da pastora Valnice Milhomens Coelho, líder da Igreja Mundial do Senhor Jesus Cristo, também ligada ao G-12), como também a celebração de festividades judaicas, celebrações estas que, sob o pretexto de se aproximar dos judeus para sua evangelização ou como um evento esporádico para demonstração de amor e afeto a Israel, tem se enraizado em diversos grupos e movimentos, num comportamento judaizante inadmissível e que, como já foi visto, só tende a trazer perdição para seus praticantes. Como afirma Clériston Andrade, “…Celebrar uma festa judaica na igreja como representação simbólica do período vétero-testamentário nada tem de mais, no entanto, colocar isso como obediência de mandamento é certamente abandonar a graça de Deus e voltar a Lei.…” (end. cit.).
OBS: Em entrevista à revista Vinde (hoje Eclésia), Valnice Milhomens ter decidido guardar o sábado depois que recebeu uma “iluminação” quando em uma de suas viagens a Israel. Como se vê, uma vez mais, uma “revelação”, um entendimento subjetivo se sobrepõe às evidências objetivas da Palavra de Deus.
- Aliás, voltando a falar do movimento dirigido por Valnice Milhomens Coelho, entende ela que a Igreja, desde o surgimento do movimento sionista (i.e., o movimento da comunidade judaica para estabelecer um Estado judeu na Palestina, que levou ao reaparecimento de Israel em 1948), ficou patente que deve a Igreja voltar às “suas origens”, retornar a “Jerusalém”, abandonando “Roma”, recuperando “os valores e heranças hebraicas”. Tal percepção teria tido a referida pastora após uma reunião de oração no ano de 1994, em São José dos Campos, Estado de São Paulo, Brasil.
- Logo se verifica que esta “visão” da referida senhora não tem qualquer respaldo bíblico. Jamais a Igreja genuína e verdadeira abandonou as suas raízes, que não são “valores e herança hebraicos”, mas, sim, Jesus Cristo, o único fundamento sobre o qual se erige a Igreja (I Co.3:11).
- Como bem explanou Paulo em sua epístola aos romanos, o Evangelho veio transformar tanto os gentios quanto os judeus, pois nem o paganismo, nem o legalismo poderiam salvar o homem. À Igreja cabe pregar este Evangelho. A restauração da nação israelita, prevista na Bíblia, é, sim, um fator importante para a Igreja, pois é prenúncio de que seu tempo está chegando ao fim. Estamos nos últimos instantes do tempo dos gentios e, quando o “relógio de Deus” começar a correr para Israel, novamente, estaremos, não envolvidos na cultura hebraica, como afirma a líder da Igreja Mundial do Senhor Jesus Cristo, mas na última semana de Daniel, na Grande Tribulação, oportunidade em que a Igreja já estará com o seu Senhor nos ares (I Ts.4:14-18).
- Portanto, não nos deixemos iludir com este “evangelho judaizante”, que defem um “retorno à Jerusalém terrestre”, mas, lembremos que estamos a caminho de Jerusalém celeste, “… a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20).
- Já há cristãos usando “kippá” (o solidéu, tradicional chapéu judaico), esquecendo-se de que esta indumentária simboliza a presença de Deus, como se o cristão precisasse de algo que indicasse que Deus está sempre com Ele até a consumação dos séculos.
- Outros somente celebram a Ceia do Senhor no dia “14 de abril”, esquecidos de que, se é para celebrar a Ceia na mesma data da Páscoa(Pesach, em hebraico) (o que, certamente, não se encontra na Bíblia Sagrada, mas que até consideramos não ser vedado por ela, vez que não há uma regra absoluta quanto à periodicidade da ceia), esta é comemorada pelos judeus no dia “14 de Abibe( ou Nissan)”, que nem sempre é “14 de abril”, pois o calendário judaico é diferente do nosso (em 2006, por exemplo, Pesach caiu em 12/13 de abril, já que o dia judaico começa no pôr-do-sol).
- Por fim, há aqueles que, na celebração da Ceia do Senhor, introduzem no pão as “ervas amargas”, visto que este elemento estava presente na comemoração da Páscoa (Ex.12:8), esquecendo-se de que a última páscoa foi celebrada pelo próprio Jesus que a substituiu pela ceia do Senhor, cometendo, assim, aquilo que o próprio Senhor condenou, qual seja, o de que “Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura.” (Mt.9:16). A celebração da ceia não tem “ervas amargosas”, porque o amargor do pecado foi totalmente assumido por Cristo no Calvário, onde tomou fel por nós (Mt.27:34), assumindo integralmente o castigo do pecado por todos nós. Agora, à Igreja, só resta justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm.14:17b).
- Todos estes “modismos” e “inovações” devem ser prudentemente observados pelos sinceros e genuínos servos do Senhor, pois são práticas que não têm qualquer respaldo bíblico, antes, pelo contrário, foram duramente condenadas pelas Escrituras, pois têm como finalidade fazer-nos voltar à escravidão da lei, tendo já sido dela libertos pela obra redentora de Cristo Jesus no Calvário. Nada que represente a diminuição do valor de Jesus Cristo pode ser acolhido pelo verdadeiro cidadão dos céus e que possamos, assim, nos livrar destas sutilezas satânicas, que, há muito, têm tentado perturbar a fé dos crentes.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Retiro de casais em Itajai foi uma benção.



O departamento da família da Igreja Evangélica Assembleia de Deus,realizou um retiro de casais com o tema "VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR".O efeito foi óptimo,muitos testemunhos surgiram após o retiro.
O ambiente maravilhoso e a Palavra poderosa ministrada aos casais contribuíram para que muitas feridas no matrimonio fossem saradas,os pastores Daniel Galvão e Ivo Rogério abordaram alguns assuntos como o comportamento intimo e e o companheirismo no matrimonio.O segundo retiro de casais usara o mesmo tema,e será realizado nos dias 14 e 15 de Fevereiro de 2009 em Camboriu SC.